sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Programas que fizeram história na 'Era de Ouro' da emissora

Estúdio do canal-7 na década de 1960
A TV Record fez história na televisão brasileira ao transmitir programas de humor e de auditório. Fizeram tanto sucesso nos anos 50 e 60 que até hoje a emissora mantém em sua grade de programação atrações no mesmo formato, campeãs em audiência e faturamento. Dentre os muitos programas exibidos pela Record nos seus anos iniciais, vale destacar alguns que conquistaram o público e que mantinham cada vez mais pessoas em frente aos seus aparelhos televisores.

Foram muitos os programas que consolidaram a Record no topo do sucesso da TV brasileira, entre os quais podemos destacar Hebe, Família Trapo, O Fina da Bossa, Esta Noite se Improvisa, Bossaudade, Corte Rayol Show, Alianças para o Sucesso, Dia D, Show do Dia 7 que eram garantia de boa audiência. Programas que deixaram saudades para a geração da época e que são lembrados até hoje pelos mais saudosistas.

Nos anos 50, a Record não utilizava muito o vídeoteipe, desprezando sua utilidade por pouco domínio dos recursos de tamanha ferramenta, imprenscídivel para a gravação de programas, exibição de programas gravados e de enlatados. Só na década de 1960, a emissora começou a utilizá-lo, visto que a maioria das televisões já tinham adotado este equipamento em suas produções. Depois dele veio o quadruplex, que hoje não é mais utilizado.

Com um público televisivo cada vez mais crescente, a Record entrou no gosto popular dos telespectadores e se destacou em produções do gênero musical, revelando talentos e aprimorando sua experiência na transmissão desses programas. Comandado por Elis Regina, O Fino da Bossa foi o primeiro programa a conquistar o público. Jair Rodrigues iniciava sua carreira ao lado de Elis Regina na atração.

O objetivo de O Fino da Bossa era divulgar a moderna música popular brasileira (MPB). Foi aí que grandes artistas brasileiros se revelaram nacionalmente, como Vinícios de Morais, Silvinha Teles, Agostinho dos Santos, Maysa, Elza Soares, Nara Leão, Alaíde Costa e muitos outros. Devido a importância de suas atrações, o programa despertou grande interesse do público. Tempos depois era criado o programa Bossaudade, que tinha como intuito prestigiar o samba mais tradicional.

O programa Bossaudade era apresentado por Eliseth Cardoso e Ciro Monteiro e trazia convidados especiais como artistas e personalidades. Aos domingos, no horário nobre das 20h, a Record trouxe a apresentadora Hebe Camargo. Hebe já tinha sido apresentadora da TV Paulista durante toda a década de 1950, e depois desse período tinha deixado a televisão. Sua volta no programa de entrevistas, debates, desfiles de moda e variedades na Record tornou-se, por três anos, um dos maiores sucessos da TV no estado de São Paulo.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Luz, câmera, ação!

Depois que a TV Record foi inaugurada, Paulo Machado de Carvalho Filho, filho do fundador da TV Record, foi o responsável pela contratação de artistas, implantação de programas e planejamento da grade, até o fim dos anos 1980.

Ele estava à frente da emissora quando foram ao ar programas como "Família Trapo", "Jovem Guarda" e "O Fino da Bossa", além dos festivais de música da Record.

O empresário foi presidente da Abert (Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão) entre 1980 e 1982, e foi responsável pela vinda ao Brasil de nomes como Louis Armstrong, Nat King Cole e Sammy Davis Júnior. Nomes renomados de artistas internacionais que participavam de programas de TV brasileiros e tiveram destaque no público e, com certeza, ajudaram na construção da história da TV brasileira.

Durante as filmagens, o trabalho dos funcionários nos estúdios nem sempre era simples, pois com câmeras pesadas da época e rolos de filme de 16 mm, os programas eram transmitidos sem nenhum tipo de edição posterior (ao contrário do que se vê nos dias atuais), com modernas ilhas de edição e computadores; ou seja, eram exibidos na casa das pessoas da forma como eram gravados, ao vivo, e programas que contivessem no seu roteiro imagens de efeitos especiais, eram muito difíceis de serem produzidos, devido às limitações técnicas.

Os programas, em especial os grandes festivais de música da TV Record, advindos do rádio, traziam alegria e entusiasmo aos telespectadores e aos espectadores que tinham a chance de acompanhar tudo de perto, no auditório do teatro Record. Eles vibravam, gritavam, aplaudiam por estarem ao lado de seus ídolos ou por simples satisfação de felicidade por terem a oportunidade de conhecer de perto uma estação de TV.



O rádio foi, sem dúvida, uma verdadeira escola para a televisão no Brasil. Grande parte dos artistas e famosos que hoje vemos na TV vieram do rádio, como Silvio Santos, Raul Gil, Ratinho, Hebe entre outros. Como o rádio existe há mais tempo que a TV, o público em geral sempre se encantou ao lado do aparelho para ouvir sua música preferida, saber das notícias, apreciar os mais diversos programas radiofônicos e acompanhar as radionovelas.

Como tudo era feito na arte da sonoridade, o trabalho dos atores e atrizes nos estúdios de rádio eram mágicos e inspirantes. Os ouvintes imaginavam as vozes, as cenas, os acontecimentos, sempre atentos a tudo que se ouvia na transmissão da emissora. As moças, ao escutar as radionovelas, se encantavam com a voz do "galã" ou imagem que fantasiavam acerca do ator, e se convertiam em "cinderelas" a espera de seu "príncipe encantado", desviando o pensamento da realidade.

Partidas de futebol

A Rede Record já transmitia partidas e campeonatos de futebol nos seus anos iniciais, antes mesmo do findar da década de 1950. A grande paixão de seu primeiro dono, Paulo Machado de Carvalho, era o futebol. Sendo assim, o "patrão" deu ordens para sua emissora sair em campo transmitindo não só o futebol, (que se tornou pioneira na exibição de TV do gênero, mais tarde copiado pelas demais redes de televisão), mas também o Grande Prêmio de Turfe, em 1956, - direto do Jóquei Clube do Rio de Janeiro, até as lutas de boxe, que, com o tempo, foram perdendo espaço na TV brasileira. A emissora dos Machado de Carvalho se destacou pela transmissão de quase todos os acontecimentos esportivos de São Paulo nos anos 1950.

domingo, 26 de junho de 2011

Depois da inauguração, os desafios...

Manter uma emissora de TV nos anos em que ela começou a dar seus primeiros passos no Brasil não era uma tarefa fácil. Isso porque era uma missão difícil estabelecer uma programação equilibrada que correspondesse ao bom gosto e à satisfação do público, cada dia mais exigente. Com o surgimento de novas redes de televisão no País, ia ficando cada vez mais restrito e disputado o bolo comercial entre as televisões. Era preciso criatividade, comprometimento e imaginação para se dedicar exclusivamente ao trabalho de levar informação e entretenimento a casa dos telespectadores.

Devido às limitações técnicas, o trabalho dentro e nos bastidores de um estúdio chegavam a ser cansativos e fadigantes, mas o resultado na tela da TV era gratificante. Como ainda não existia videoteipe nos anos 50 (quando a TV Record foi inaugurada) e era muito difícil gravar na época, os programas eram transmitidos ao vivo. Errar não fazia parte da programação, então antes das filmagens eram necessárias horas de ensaios até que se atingisse o resultado esperado. Ainda assim, muitos atores deixavam escapar um erro de gravação, e o improviso era uma maneira de contornar a situação.

No início de operações da emissora paulista, foram transmitidos programas de destaque, entre eles um musical que se consagrou exibindo artistas célebres como Nat King Cole, Charles Aznavour, Ella Fitzgerald e Marlene Dietrich, além de programas esportivos, teatrais, humorísticos e jornalísticos. 

Na programação infantil, o seriado "Capitão 7" foi um ícone da emissora representando a numeração do seu canal, pois, inicialmente, sua concessão operava no canal-7. O programa fez a alegria de muitas crianças, e ficou no ar durante doze anos. Era apresentado pelos atores Ayres Campos e Idalina de Oliveira, e era inspirado na história de uma criança que era sequestrada por alienígenas e levada até o sétimo planeta (daí seu codinome), onde cresceu aprimorando corpo e mente. Quando adulto, o rapaz retorna à Terra e descobre ter poderes de um herói quando se encontra em situações de perigo.

Foto: tvpiratinicanal5rs.blogspot.com 

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Preparativos para a inauguração - 1953


Fundar uma emissora de televisão: esse era o sonho de Paulo Machado de Carvalho. Primeiro veio a Tupi, empresa de radiodifusão fundada pelo empresário Assis Chateaubriand, paraibano radicado em São Paulo. As imagens em preto-e-branco da TV Tupi se convertiam em sonhos que mais tarde se traduziriam em realidade com a inauguração do mais novo e ousado empreendimento de comunicação no País na época: a futura TV Record, atualmente a emissora mais antiga em funcionamento no Brasil.

A Record, nos anos 60, tinha um privilégio: possuía um invejável cast de atores, comediantes e apresentadores. Hoje, a sede da Rede Record funciona na Barra Funda, onde eram os estúdios da falida TV Jovem Pan, mas o prédio que abrigou a antiga sede da emissora, na avenida Miruna, em Congonhas, São Paulo, foi sem dúvida um dos primeiros do País planejados para abrigar uma estação de TV, e não adaptado, como as demais. Dois dos maiores nomes da casa naqueles tempos eram Hebe Camargo e Ronald Golias. Hebe apresentava um programa semanal de entrevistas, variedades e músicas, de grande audiência. Golias, como comediante, participava ativamente dos programas humorísticos da emissora, com destaque para 'A Família Trapo'.

Veja, abaixo, o vídeo que retrata a história da TV Record, desde os primórdios de sua inauguração, até os dias atuais, como um marco na história da TV Brasileira.




Partiu da emissora a idéia de reunir os dois, numa série de teleteatros de grandes obras da literatura, num tom de humor. Intepretaram muitas histórias, entre elas as peças de teleteatro 'Romeu e Julieta', 'César e Cleópatra' e 'A Dama das Camélias'. O resultado dessa mistura foi um show de humor, com direito a inúmeros cacos do Golias, e sonoras risadas da Hebe. A química entre os dois era inegável e impagável.



O teleteatro - uma mistura de televisão + teatro - e os grandes festivais de música da TV Record na época atraiam o público e conquistava cada vez mais o bom gosto dos telespectadores, e isso se refletia na audiência. Como o aparelho televisor era caro na época, só os que tinham maior poder aquisitivo tinham condições de tê-lo. Era comum ver diversas pessoas reunidas junto a um só televisor, para acompanhar a programação. No Nordeste, alguns "televizinhos" ficavam na janela do vizinho assistindo a programação. O problema é que alguns incovenientes permaneciam até o fim das transmissões.



E exatamente no dia 27 de setembro de 1953, às 20:53 horas, a Televisão Record inicia suas transmissões e faz a abertura de sua programação com o programa musical "Grandes Espetáculos União", apresentado por Blota Júnior e Sandra Amaral, que logo torna-se líder de audiência. A emissora era de propriedade da família Machado de Carvalho, da fundação até o final dos anos 1980, quando foi vendida para a Igreja Universal. Os equipamentos da empresa, nos seus anos iniciais, foram importados da Europa e chegaram ao Brasil por meio do Porto de Santos, São Paulo.

Fotos: www.tudosobretv.com.br
Vídeo: Rede Record